quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

OSASCO 50 ANOS: ALGUNS FATOS CULTURAIS

llUma cidade não é composta apenas de casas, prédios, produção de bens e serviços, mas ela é composta também de sentimentos, emoções, lazer, divertimento, espiritualidade, solidariedade, etc. Eis alguns fatos culturais da história de Osasco.
ll1. PRIMEIRO CINEMA – Em 1916 foi construído o primeiro cinema de Osasco na Rua da Estação. Ele recebia iluminação por meio de um gerador, pois não havia eletricidade na Vila nesta época.
ll2. PRIMEIRA ESCOLA – Ficava onde é hoje as Casas Pernambucanas, numa pequena sala, em 1912. A segunda escola, na Rua André Rovai, em 1918: era mista no início e depois separou meninos e meninas. Na Rua Dona Primitiva Vianco, a partir de 1919 funcionou o Grupo Escolar de Osasco, que tinha cinco salas e um gabinete do Diretor. Nele estudavam separados os meninos das meninas.
ll3. LAZER – Em 1920, o lazer das moças e rapazes era ir ao cinema Osasco, dançar no Clube Atlético Floresta, passear de barco pelo Rio Tietê e ir até a Vila São José.
ll4. CLUBE – O Clube Associação Atlética Floresta foi o primeiro clube da cidade. É localizado na Rua Dona Primitiva Vianco onde havia uma floresta de eucaliptos, plantados para ajudar a drenagem da região que era de muitos brejos e alagados. Ganhou nome de “Floresta” por causa da floresta de eucaliptos.
ll5. SOLIDARIEDADE – Em 1935 foi fundado o Lar Bussocaba que dava assistência médica, hospitalar, religiosa aos necessitados.
ll6. SAÚDE – Com o nome de Hospital das Damas, em homenagem a várias mulheres, entre elas muitas freiras, que haviam lutado muito, através de campanhas e ações diversas para conseguirem o primeiro hospital da cidade.
ll7. MÚSICA – A tradicional Corporação Musical Santo Antônio foi criada em 25 de janeiro de 1954. No início, contava com 36 músicos.
ll8. TEATRO – No início dos anos de 1970 surgiu o Núcleo Independente do Teatro Expressão com atores importantes como Ricardo Dias, Mercedes Souza e Rubens Pignatari. Eles se destacaram com várias peças tais como: “Muro de Arrimo”, “Morte e Vida Severina”, “Zumbi”, “O Santo e a Porca”, etc. Em 7 de setembro de 1996 foi instalado o Teatro Municipal de Osasco.
ll9. MUSEU – O acervo foi criado pela Lei 401 de 28 de outubro de 1964. Ele recebe o nome de Museu Dimitri Sensaud de Lavoud, em 1977. Ele guarda documentos que revelam aspectos importantes da História de Osasco.
ll10. BIBLIOTECA – A Biblioteca Municipal Monteiro Lobato foi criada pela Lei 162 de 20 de setembro de 1963. O prédio atual é de 1996. Ela é uma fonte importante de pesquisa e estudo para os jovens e moradores de Osasco.
ll11. EMANCIPADORES – Para manter vivos os ideais daqueles que lutaram pela autonomia de Osasco, para prestigiar e respeitar todos aqueles que lutaram pela cidade, foi criada em fevereiro de 1974 a “Ordem dos Emancipadores de Osasco”.

Mário Luiz Guide é professor universitário, formado em filosofia na USP e em Direito pela Unifieo, com doutorado na USP em Ciências Políticas. É vereador em Osasco e secretário geral do PSB no estado. www.marioguide.com.br

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

OSASCO: UM CENTRO COMERCIAL E DE SERVIÇOS

llNa década de 1960, na emancipação de Osasco, 90% de sua renda bruta era da indústria. Mas o pólo comercial, as importantes instalações militares em Quitaúna e a vinda do Bradesco na Cidade de Deus (1953) já eram elementos do futuro pólo comercial e prestador de serviços. Neste mesmo ano, foi inaugurado o Mercado Municipal de Osasco com venda de cereais, frutas, legumes, verduras, açougue, peixaria, etc. 
De 1940 a 1980, a população de Osasco dobrou de uma década para outra seguindo a tendência da região metropolitana. A população é bastante heterogênea, vindo do interior de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Ceará, Piauí, Paraíba, Paraná, Alagoas, etc.
A indústria é um pólo de atração, mas a busca por moradia na periferia da capital também é um aspecto importante. Osasco mantém a característica de cidade industrial  e cidade dormitório, pois muitos que aqui moravam iam trabalhar em São Paulo e na Região. Alguns loteamentos foram mal planejados, a ocupação do solo se deu de forma bastante desordenada e, sempre que encarecia os terrenos do centro e dos bairros mais próximos, a população mais pobre ia sendo expulsa para as regiões mais distantes, da mesma forma que ocorria na capital.
No inicio dos anos 80, o Brasil vivia uma crise econômica grande. O país que vinha crescendo a taxas altas durante quase todo o século, estagnou. Crise financeira internacional, endividamento externo do Brasil, desemprego elevado, perda de capacidade de investimento por parte do poder público, inflação elevada, luta dos trabalhadores para manter o poder de compra dos salários, etc.
Essa crise atinge em cheio a região metropolitana de São Paulo e começa mudar seu perfil econômico, também em função de sua fraqueza de representação política e, em virtude das diretrizes para a política urbana e regional do Estado de São Paulo que previam a descentralização e desconcentração das atividades industriais, a interiorização econômica.
Em São Paulo e Osasco ocorre a transferência de várias indústrias, aumentando o desemprego e o subemprego e a população de renda menor. Aumentam os setores de comércio e de serviços e reduz a indústria. Parte do Centro Industrial de Osasco transforma-se em empreendimentos comerciais, junto com o Calçadão da Antônio Agú e vários centros de comércio dos bairros.
A área industrial de Osasco desenvolve-se mais no lado norte da cidade, próximo a Rodovia Anhanguera; Osasco se transforma em centro dinâmico de comércio e de serviços, inclusive com várias universidades, shoppings centers, etc., acompanhando a tendência nacional e metropolitana de redução do secundário e crescimento do terciário no produto interno bruto.
A cidade de Osasco hoje é o 12º PIB entre as 5.564 cidades brasileiras e parte considerável dele está no setor de comércio e serviços.

Mário Luiz Guide é professor universitário, formado em filosofia na USP e em Direito pela Unifieo, com doutorado na USP em Ciências Políticas. É vereador em Osasco e secretário geral do PSB no estado. www.marioguide.com.br

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

llNo inicio do século XX, a maioria dos trabalhadores industriais de São Paulo era composta de imigrantes. Junto com eles vinham as idéias socialistas e anarquistas, que influenciaram as primeiras organizações de trabalhadores, em geral, de ajuda mútua.
As greves eram consideradas crimes e muito reprimidas. Em 1919, na “Vidraria Santa Marina”, na Água Branca, São Paulo, houve uma greve de operários, muito deles imigrantes. A greve repercutiu muito mas os operários não alcançaram seus objetivos e muitos ficaram sem trabalho e sem casa, pois alguns moravam em casas da empresa. Os desempregados resolveram formar uma cooperativa de vidreiros em Osasco. Com a ajuda e colaboração de muitos o prédio chegou a ser levantado mas, por várias razões, o sonho não se realizou.
Os trabalhadores de Osasco participaram ativamente da greve dos 300 mil trabalhadores de São Paulo, em 1953.
Em 1963 houve uma movimentação dos trabalhadores para a unificação da data base. Em São Paulo houve mobilização e greves. Os trabalhadores de Osasco participaram do movimento grevista dos 700 mil.
Em 1963 foi fundado o Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco com forte presença na luta econômica, social, política e cultural da cidade ao longo dos 50 anos.
Em 1964, com o golpe militar, o movimento sindical trabalhista foi reprimido e houve perseguições no país todo. Vários políticos, lideranças sindicais, operárias e populares sofreram perseguição também em Osasco.
A luta dos trabalhadores de Osasco ganha impulso novamente em 1968, com grande participação no 1º de maio de 1968 na Praça da Sé. Lideranças jovens que haviam surgido no vazio deixado pela repressão – pós 1964 organizaram a greve de 1968 que resultou na ocupação da Cobrasma em 16 de julho de 1968. A organização pela base e as Comissões de Fábrica foram fatores que contribuíram para a renovação do movimento sindical. A greve de 1968 de Osasco teve uma repercusão política muito grande, apesar da repressão brutal por parte da ditadura militar. Só na Cobrasma ocorreram mais de 600 prisões.
Na década de 80, teve uma atuação bastante grande em vários bairros de Osasco, a Ato – Associação dos Trabalhadores de Osasco, lutando pelas bandeiras tradicionais dos trabalhadores como a luta por melhores salários, redução da jornada de trabalho, melhores condições de trabalho e, sobretudo, a luta por melhoria nos bairros operários da cidade como a luta por asfalto, esgoto, transporte, escolas, creches, etc.
Em 1986 houve uma manifestação de mais de 100 mil trabalhadores no Largo de Osasco, por ocasião da comemoração do Centenário de 1º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador.
Em março de 1989, em protesto contra o chamado “Plano Verão” de controle da inflação a CUT – Central Única dos Trabalhadores e a CGT – Central Geral dos Trabalhadores convocaram uma greve geral contra a alta dos preços que atingia o poder de compra dos salários. Segundo os Sindicatos de Osasco a greve aqui teve uma adesão de 40% dos trabalhadores.
São inúmeras as lutas dos trabalhadores de Osasco, sendo aqui destacadas apenas algumas, sem falar da enorme movimentação nos bairros através de associações de moradores na luta pela melhoria das condições de vida ao longo de todos esses anos. 

Mário Luiz Guide é professor universitário, formado em filosofia na USP e em Direito pela Unifieo, com doutorado na USP em Ciências Políticas. É vereador em Osasco e secretário geral do PSB no estado. www.marioguide.com.br

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

OSASCO: ORIGEM E EMANCIPAÇÃO

llPara alguns, Osasco, por causa do Rio Tietê, foi uma Vila de Pescadores. No século XVIII aqui residiu o bandeirante Antônio Raposo Tavares, na região onde se instalou o 4º Regimento de Infantaria do Exército, no bairro de Quitaúna. No final do século XIX o Brasil vivia o período da passagem da mão de obra escrava para a mão de obra assalariada. O Brasil, neste período, recebeu uma grande quantidade de italianos e de outros povos. Calcula-se que de 1870 e 1920 tenha entrado cerca de um milhão e meio de italianos, a maioria no Estado de São Paulo. Entre estes estava Antônio Agú, fundador de Osasco. Chegando no Brasil, Antônio Agú tornou-se funcionário da Estrada de Ferro Sorocabana. Em 4 de junho de 1887 ele compra terras de João Pinto Ferreira, grande proprietário da Região, no Km 16 da Estrada Sorocabana. Vende terrenos, planta hortaliças, constrói uma olaria e, em 1892, instala uma indústria, a chamada “Cartiera”, primeira fábrica de papelão do Brasil.
Em 1895, por interesse de Antônio Agú e da Sorocabana, surge a Estação Ferroviária de Osasco, cujo o nome era uma homenagem à terra de Antônio Agú, na região de Torino-Piemonte , na Itália. Foram construídas muitas casas para operários na Rua da Estação e nas redondezas. Várias fábricas vieram depois. Osasco tornou-se um bairro industrial de São Paulo.
A população de Osasco crescia. Pelo Censo Estadual de 1934 Osasco contava  com 12 mil pessoas. Um maior número de italianos, mas tinha russos, poloneses, portugueses, alemães, etc. Em 1940 eram 15 mil. É nesta década que se implanta a metalurgia pesada com a Cobrasma, Brown Boveri, Cimaf, Lonaflex, etc., além de outras fábricas antigas que já existiam como Adamas, Hervy, Frigorífico Wilson, Cotonifício Beltramo, Fósforo Granada, etc. É neste período que cresce a população: em 1950 já são 41 mil pessoas. Com o aumento da industrialização acelerou-se a urbanização, inclusive em toda a região metropolitana. Em 1960 a população de Osasco é de 114 mil pessoas. Na década seguinte pula para 283 mil pessoas e em 1980 são 474 mil pessoas.
Um dos germes do movimento pela autonomia de Osasco foi a criação da Sociedade de Amigos do Distrito de Osasco, em 1948. Os trabalhadores e moradores de Osasco lutavam contra  o que consideravam “abandono do bairro” por parte da Prefeitura de São Paulo. O movimento pela Emancipação de Osasco surge na década de 1950. Em 21 de agosto de 1952 foi constituida a comissão para coordenar a luta pela autonomia. Em 1953, aconteceu o primeiro plebiscito e a população se dividiu entre o “sim” favorável à emancipação e o “não” contrário a separação de Osasco de São Paulo. Os que defendiam o “não” venceram.
Só em 31 de dezembro de 1958, através da lei estadual 5121 Osasco foi reconhecido como município. O “sim” havia vencido o plebiscito realizado em 21 de dezembro de 1958. A Prefeitura de São Paulo pediu anulação do plebiscito.
Mas passariam ainda quatro anos, com campanhas populares, várias pressões, ações na justiça, para que houvessem as eleições e posse do prefeito e dos vereadores. Estes foram empossados em 19 de fevereiro de 1962.
A emancipação foi uma grande luta do povo de Osasco. O primeiro prefeito foi Hirant Sanazar e o primeiro vice-prefeito foi Marino Pedro Nicoletti.
Em 28 de fevereiro de 1964, por meio da Lei nº 8.092 foi criada a Comarca de Osasco.


Mário Luiz Guide é professor universitário, formado em filosofia na USP e em Direito pela Unifieo, com doutorado na USP em Ciências Políticas. É vereador em Osasco e secretário geral do PSB no estado. www.marioguide.com.br