quinta-feira, 26 de abril de 2012

ESQUERDA E DIREITA NA FRANÇA


llAlguns analistas questionam a validade dos conceitos de direita e esquerda como critério de classificação das correntes políticas.
Estes termos surgiram durante a Revolução Francesa quando a Assembleia dos Representantes do Povo se reunia.
À direita, ficavam os restauradores ou monarquistas, ligados ao antigo regime. Ao centro, sentavam os “girondinos” a ala moderada dos revolucionários. E, à esquerda, permaneciam os “jacobinos” ou a ala mais radical dos revolucionários, que pressionavam para ampliar as conquistas populares da Revolução. A partir daí, essas categorias foram aplicadas para caracterizar os vários partidos ou movimentos políticos.
Norberto Bobbio, pensador e jurista italiano, escreveu um pequeno livro tratando do assunto: “Direita e Esquerda”. Ele discute uma série de critérios para definir o que é direita e o que é esquerda. Para ele, o critério decisivo é a diversa posição que as pessoas tem em relação à questão da desigualdade entre os homens. A esquerda tende a lutar para reduzir as desigualdades e a direita tende a achar que as diferenças são inevitáveis e necessárias.
Agora, no domingo que passou, ocorreram novas eleições na França que mostraram que o país continua dividido entre direita e esquerda.
O atual presidente, Nicolas Sarkozy, representante da centro-direita com 27,08% dos votos, deve disputar o segundo turno com François Hollande ( 28,63% dos votos ) do Partido Socialista (centro-esquerda).
Mas, o que chama atenção na França, é que cresceram as correntes de extrema direita, Marine Le Pen, da Frente Nacional com 17,9% dos votos e Jean-Luc Mélenchon, da Frente da Esquerda com 11,1% dos votos. O candidato do Centro, François Bayrou ficou com 9,1% do eleitorado votante.
Com a crise europeia em andamento, a dívida pública crescente, o desemprego elevado, as eleições na França servem de referência para as propostas de como sair desta situação atual ?
As posições mais à direita tendem a acentuar a necessidade de cortes nos gastos públicos, em especial, corte de funcionários, de salários e de aposentadorias.
A esquerda tende acentuar a necessidade de criação de novos empregos, de crescimento econômico sustentável e ampliação dos impostos sobre as grandes fortunas. O candidato do Partido Socialista propõe introduzir uma alíquota de 75% no imposto de renda para rendimentos anuais acima de um milhão de euros (R$ 2,4 milhões).
Vamos aguardar qual caminho a França escolherá no dia 6 de maio, na eleição do segundo turno.

Mário Luiz Guide é professor universitário, formado em filosofia na USP e em Direito pela Unifieo, com doutorado na USP em Ciências Políticas. É vereador em Osasco e secretário geral do PSB no estado. www.marioguide.com.br

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